Todos os blogposts
À medida que o final do ano se aproxima, muitas empresas estão a fazer balanços e a planear o futuro. Esta época do ano, tradicionalmente associada a reflexões estratégicas, assume agora um significado ainda mais relevante devido às mudanças regulamentares que entram em vigor em 2025. Entre estas, destaca-se a Diretiva de Relato Corporativo de Sustentabilidade (Corporate Sustainability Disclosure Directive – CSRD), que está a transformar a forma como as organizações comunicam o seu desempenho em áreas ambientais, sociais e de governança (ESG).
A CSRD não só aumenta o número de empresas abrangidas (incluindo grandes empresas e empresas cotadas), como também exige um nível muito mais elevado de detalhe nas informações prestadas. A partir de 2024, as empresas com mais de 250 funcionários ou com determinados limiares financeiros (receitas superiores a 40 milhões de euros ou ativos acima de 20 milhões de euros) terão de divulgar informações precisas sobre o impacto ambiental, as práticas sociais, a governança corporativa e os riscos relacionados com a sustentabilidade.
Com a CSRD, as empresas enfrentam um novo patamar de transparência e responsabilidade, mas também desafios significativos relacionados com a recolha e análise de dados, a implementação de processos e os custos associados.
A CSRD exige que as empresas divulguem dados detalhados sobre o impacto das suas atividades em áreas como a pegada de carbono, diversidade de género, condições laborais e cadeias de abastecimento. Por exemplo, no setor da moda, algumas marcas já estão a enfrentar desafios significativos ao reportar a rastreabilidade completa das suas cadeias de abastecimento. Da mesma forma, no setor energético, empresas estão a detalhar as emissões de CO2 das suas operações e a implementar medidas para reduzir o impacto ambiental.
Esta iniciativa visa harmonizar os relatórios ESG, permitindo que investidores e stakeholders compreendam melhor os riscos e as oportunidades relacionadas com a sustentabilidade.
De acordo com o relatório Global CSRD Survey da PwC, as empresas estão, em geral, cientes da importância da CSRD e da necessidade de adaptação aos novos requisitos. Contudo, a pesquisa revela que muitos ainda enfrentam dificuldades significativas na implementação das mudanças exigidas pela diretiva.
Uma das maiores dificuldades relatadas pelas empresas é a capacidade de recolher e analisar dados ESG de forma eficaz e precisa. A CSRD exige um nível elevado de detalhe e precisão, o que implica a criação de sistemas robustos para monitorizar e reportar as suas atividades. Muitas empresas não possuem, atualmente, as infraestruturas necessárias para fazer a medição correta do seu impacto ambiental, social e de governança. Por exemplo, a falta de uma metodologia uniforme para a medição da pegada de carbono ou a monitorização de práticas de inclusão social e diversidade são problemas recorrentes.
Outro desafio identificado é a falta de padronização nos dados ESG. Embora existam várias iniciativas e frameworks de sustentabilidade, como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, a ausência de uma metodologia única para todos os indicadores ESG dificulta a implementação de soluções eficientes. As empresas têm de se adaptar a uma variedade de sistemas e benchmarks, o que aumenta a complexidade do processo de conformidade.
Além dos desafios relacionados com a recolha de dados, outro grande obstáculo é a necessidade de investir em tecnologia. Muitas empresas não possuem sistemas tecnológicos adequados para lidar com a crescente quantidade de dados exigidos pela CSRD. A digitalização dos processos de sustentabilidade será essencial para garantir a precisão e a conformidade com os requisitos da CSRD. No entanto, os custos e a complexidade da implementação de sistemas tecnológicos especializados representam uma barreira significativa, especialmente para as empresas de menor porte que precisam de soluções escaláveis e acessíveis.
Figura 1: Obstáculos à implementação da CSRD
A pesquisa da PwC destaca que, sem investimentos significativos em tecnologia, as organizações terão de continuar a depender substancialmente de processos manuais. Quando questionadas sobre as ferramentas tecnológicas utilizadas, mais de 90% dos participantes no estudo afirmaram estar a usar spreadsheets para os relatórios de sustentabilidade. Este é um número muito superior ao de empresas que estão a adotar tecnologias mais avançadas, como data lakes ou soluções de gestão e calculadoras de carbono.
Figura 2: Poucas empresas já estão a usar soluções tecnológicas especializadas para o report de sustentabilidade
Esta realidade demonstra a necessidade urgente de investimento em ferramentas mais eficientes e automatizadas, que assegurem não só a eficiência dos relatórios, mas também a incorporação de dados de sustentabilidade nos processos de tomada de decisão dentro das empresas.
Espera-se que o uso de ferramentas baseadas em inteligência artificial para relatórios de sustentabilidade aumente substancialmente. Esta transformação será essencial para as empresas que desejam não apenas cumprir com a CSRD, mas também otimizar os seus processos de gestão e garantir a precisão e confiabilidade dos dados ESG.
A IA tem o potencial de automatizar muitas das tarefas relacionadas com a recolha e análise de dados ESG, permitindo uma abordagem mais ágil e eficaz. A incorporação de análises preditivas e machine learning fornece insights mais profundos sobre os impactos ambientais e sociais das operações das empresas, contribuindo para a tomada de decisões mais informadas.
Apesar das dificuldades, o estudo da PwC também aponta várias oportunidades associadas à CSRD. Em vez de serem vistas como uma carga regulatória, muitas empresas começam a perceber a CSRD como uma oportunidade de transformação e diferenciação no mercado. Aqueles que conseguirem adaptar-se de forma eficaz às novas exigências terão não só a capacidade de melhorar a sua imagem perante investidores e consumidores, mas também de otimizar a sua gestão de riscos e promover práticas empresariais mais sustentáveis e eficientes.
Fortalecimento da Reputação Corporativa
A CSRD oferece uma oportunidade de ouro para as empresas melhorarem a sua reputação. Com o crescente foco dos consumidores em questões ambientais e sociais, as empresas que se destacam pela transparência e responsabilidade nas suas práticas ESG tendem a ser mais valorizadas no mercado. A implementação eficaz da CSRD pode ajudar as empresas a construir confiança com os investidores, ao demonstrar que estão comprometidas com a sustentabilidade de forma clara e verificável.
Melhoria na Gestão de Riscos
Outro benefício identificado pela PwC é a capacidade de as empresas gerirem melhor os riscos associados às suas operações. Ao monitorizar mais de perto os impactos ambientais e sociais das suas atividades, as empresas podem identificar de forma mais eficaz os riscos associados a práticas insustentáveis, como o consumo excessivo de recursos naturais ou práticas de trabalho desleais. A CSRD força as empresas a refletirem mais profundamente sobre os seus processos e práticas, incentivando uma gestão de riscos mais proativa.
Aumento da Competitividade no Mercado Global
As empresas que conseguirem integrar as metas de sustentabilidade na sua estratégia corporativa terão uma vantagem competitiva significativa. A transparência nos relatórios ESG não só atrai investidores, mas também permite que as empresas se destaquem no mercado global. O foco em práticas empresariais responsáveis está a tornar-se um diferencial importante na escolha dos consumidores, que preferem marcas comprometidas com questões ambientais e sociais. Por conseguinte, a CSRD oferece uma oportunidade para que as empresas se posicionem como líderes sustentáveis.
Avaliar o estado atual do reporte ESG e identificar lacunas em relação às novas exigências. Este diagnóstico é essencial para definir uma estratégia clara e alinhada com os requisitos da CSRD.
Adotar ferramentas digitais que automatizem a recolha e análise de dados, reduzindo o esforço manual e minimizando erros. Estas ferramentas podem incluir software especializado em sustentabilidade, que permite rastrear e reportar métricas ESG de forma eficiente.
Investir na formação de colaboradores e na contratação de especialistas em ESG. De acordo com a PwC, as empresas que priorizam a formação conseguem implementar mudanças de forma mais eficaz e rápida.
Trabalhar com consultores especializados e participar em redes colaborativas para partilhar boas práticas. Além disso, criar sinergias entre diferentes stakeholders, como fornecedores e clientes, pode garantir uma abordagem integrada à sustentabilidade.
À medida que a CSRD entra em vigor, as empresas têm a oportunidade de transformar a forma como abordam o relatório de sustentabilidade. Em vez de uma simples exigência regulatória, a Diretiva oferece uma oportunidade para a transformação digital e a integração estratégica da sustentabilidade nos negócios. A implementação eficaz da CSRD pode não só melhorar a credibilidade das empresas, mas também permitir uma gestão de riscos mais eficaz e uma vantagem competitiva no mercado.
Empresas que se destacam pela sua transparência e compromisso com a sustentabilidade estarão melhor posicionadas para prosperar num mercado global que valoriza cada vez mais as práticas empresariais responsáveis. O futuro do relatório ESG é, sem dúvida, digital, automatizado e integrado nas decisões estratégicas da empresa, permitindo que as organizações avancem para um modelo de negócios mais sustentável e resiliente.
Prepare a sua empresa para os desafios e oportunidades da CSRD. Descubra como as soluções da Nextbitt podem apoiar o seu percurso para um reporte ESG eficiente e alinhado com os requisitos de 2025. Contacte-nos e construa um futuro mais sustentável para o seu negócio!