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No final do ano passado, a União Europeia decretou que as organizações e empresas do bloco seriam obrigadas a relatar evidências de seu desempenho energético e pegada de carbono. Embora até 2023 esta exigência abrangesse apenas o sector financeiro, a partir dessa data passará a abranger todas as empresas e organizações similares.

Miguel Salgueiro, um dos fundadores da NextBITT, especialista em gestão de activos físicos, confessa que a sustentabilidade tornou o sector muito mais sexy, mas que a obrigatoriedade da UE abriu portas a novas oportunidades de negócio e a um campo ainda por explorar.

Depois de ter recebido um investimento de 5 milhões de euros do fundo Explorer Investments, que fechou em julho passado, a NextBITT reinventou a sua estratégia e a sua estratégia de atuação, colocando um foco significativo na sustentabilidade.

Neste contexto, a tecnológica portuguesa desenvolveu dois novos módulos baseados na Gestão de Energia e na Gestão Ambiental. A nova oferta foi motivada pelo "aumento significativo das evidências exigidas às organizações de todos os sectores de atividade, pressionadas por regulamentações nacionais e comunitárias cada vez mais exigentes no que respeita à sustentabilidade e à redução da pegada de carbono das empresas".

Gestão Ambiental

No que diz respeito à Gestão Ambiental, a NextBITT explica que este sistema tem como objetivo proporcionar "uma gestão mais eficaz dos aspectos ambientais das operações empresariais, tendo em conta a proteção ambiental, a prevenção da poluição, a conformidade legal e as necessidades socioeconómicas".

Para o efeito, este sistema gere as emissões de gases poluentes, os offsets, a gestão documental e a certificação, bem como possibilita a elaboração de relatórios de sustentabilidade da organização.

Gestão de Energia

No que diz respeito à gestão de energia, a empresa portuguesa ajuda as organizações a "monitorizar os custos de eletricidade" e a "reduzir as emissões de gases com efeito de estufa", tendo como objetivo final a eficiência energética.

Explicando que "a sustentabilidade é o pilar fundamental sobre o qual assenta o futuro da [NextBITT]", Miguel Salgueiro salienta que "sem uma gestão rápida e ágil dos activos físicos das organizações, estas não conseguirão garantir que estão a abordar da melhor forma a redução da sua pegada de carbono".

No que diz respeito à eficiência energética nas organizações, André Calixto, partner e responsável pela área de consultoria da Nextbitt, afirma que "só podemos reduzir o que já sabemos", sublinhando que sem indicadores para medir e avaliar o desempenho em termos de consumo de energia e emissões de dióxido de carbono, as empresas não conseguirão implementar medidas que as tornem mais sustentáveis e reduzam o impacto das suas operações no ambiente.

"A sustentabilidade é uma questão de gestão de dados"

"A sustentabilidade é uma questão de gestão de dados", acrescenta Miguel Salgueiro, salientando que a plataforma da gestora portuguesa de activos físicos permite reunir num único ponto de gestão todos os dados que vão moldar as estratégias de sustentabilidade das organizações.

No entanto, a NextBITT "não pretende ser uma entidade certificadora de energia", acrescentando que o seu objetivo é fornecer a informação necessária para que os seus clientes possam compreender, de forma mais clara e integrada, o desempenho energético das suas organizações e, assim, redesenhar, consolidar ou implementar as políticas de sustentabilidade mais adequadas ao seu perfil e responder aos requisitos emanados de Bruxelas e definidos pelas autoridades a nível nacional.

Portugal "pode ser uma referência internacional em sustentabilidade"

Tendo em conta as regras decretadas pela União Europeia, e à semelhança do que acontece em todos os outros estados-membros, as empresas em Portugal vão ter de implementar mudanças significativas, não só internamente, mas em toda a sua cadeia de valor, que será "obrigada a mudar de uma ponta à outra", diz Miguel Salgueiro.

Ainda assim, o mesmo responsável está confiante de que o país, nomeadamente através do tecido empresarial que lhe dá vida e que dinamiza fortemente a economia nacional, "pode ser uma referência em sustentabilidade a nível internacional".

A este propósito, recorda que as empresas com melhores classificações em termos de sustentabilidade e de redução das emissões de dióxido de carbono das suas operações são também as que têm melhor desempenho nas bolsas de valores, pelo que há muitos incentivos para fazer mudanças neste sentido.

Neste sentido, Miguel Salgueiro defende que o Estado deve ser um agente mais ativo na promoção e catalisação da sustentabilidade ambiental e energética nas organizações, dando o exemplo.

"O Estado deve alavancar o desenvolvimento da sustentabilidade das empresas que operam em Portugal", afirma, acrescentando que a administração pública não sabe exatamente quantos activos físicos tem em sua posse, o que dificulta muito a sua transformação sustentável, a redução e otimização do consumo de energia e, consequentemente, a minimização da sua pegada de carbono.

André Calixto defende que "é preciso que o Estado esteja mais focado" na área da sustentabilidade das empresas, para que se possa responder às exigências vindas dos corredores de Bruxelas e para que Portugal se posicione na vanguarda da proteção ambiental.

Questionado sobre se a procura de sistemas de gestão ambiental e energética por parte das empresas teria crescido sem as imposições da UE, Calixto diz que estas exigências "aceleraram" o processo.

O futuro da NextBITT

Quanto ao negócio em si, a NextBITT, criada em 2015, já tem clientes dos mais variados sectores, como a Sonae, CTT, CUF, BPI, Brisa e Galp, e, com a sua estratégia de expansão internacional, a empresa portuguesa quer chegar a mercados como Espanha, Reino Unido, França e Holanda, que considera "muito atractivos".

E esta expansão além-fronteiras será impulsionada pelo financiamento recebido da Explorer Investments, tendo como principal bandeira a sustentabilidade da empresa, e prevê a contratação de mais 60 pessoas, elevando para 100 o total de efectivos da empresa.

Aqui, os responsáveis sugerem que poderão vir a estabelecer parcerias com o sector público, mas referem que ainda é prematuro dar pormenores sobre o assunto, indicando que surgirão novidades no futuro.

A Comissão Europeia considera que as empresas "desempenham um papel fundamental na construção de uma economia e de uma sociedade mais sustentáveis", pelo que os requisitos agora em vigor "obrigam-nas a identificar e, se necessário, prevenir, eliminar ou atenuar os impactos adversos das suas actividades (...) no ambiente".

Fonte:Greensavers

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