Com a aceleração da digitalização durante a pandemia,a NextBITT, especialista portuguesaem Asset & Facility Management, duplicou o seu crescimento, tanto em termos de volume de negócios como de pessoal. Miguel Salgueiro,sócio fundador, explica àSmart Cities como a tecnologia desenvolvida pela empresa tem ajudado as organizações a reduzir a sua pegada de carbono. Convicto de que Portugal tem "fortes possibilidades de estar na vanguarda da Europa" nesta área, o gestor defende a criação de uma área de "Sustentabilidade" para onovo governo e uma "política de implementação acelerada de projectos" nos vários sectores.
Como avalia a forma como os ecossistemas organizacionais em Portugal olham para a questão da sustentabilidade?
A sustentabilidade, a nova digital das organizações, tem vindo a criar uma forte dinâmica, uma cultura cada vez mais ambiental, toda uma nova estratégia nas diferentes indústrias, assente no ESG -Environmental, Social and Governance.
Este [é um] novo paradigma para as empresas [que] ao abrigoda legislação publicada na comunidade europeia estão sujeitas à obrigação de publicar uma "declaração não financeira", com evidência dos dados do relatório de sustentabilidade, provenientes [por exemplo] de ligações de sensores à tecnologia Nextbitt, desenvolvendo boas práticas empresariais orientadas para a utilização racional, eficiente e sustentável dos recursos, onde a implementação e manutenção do EnvMS - Sistema de Gestão Ambiental é crucial.
Acredito que Portugal tem fortes hipóteses de estar na vanguarda da Europa no que diz respeito às boas práticas das organizações em termos de sustentabilidade nos próximos anos, dado que já existe um enorme número de empresas públicas e privadas, associações e consultoras muito focadas nesta temática, em que a tecnologia é o elemento chave na gestão da sustentabilidade.
Que efeitos teve a pandemia nesta área em geral e na sua atividade em particular?
A pandemia acelerou de forma abrupta a aposta na digitalização das empresas. Durante a pandemia, a NextBITT mais do que duplicou o seu crescimento, quer em termos de volume de negócios, quer em termos de pessoal. De referir que o facto de termos vários clientes no sector bancário - um sector [que está] na vanguarda da adoção ESG, com uma forte aposta na evidência da neutralidade carbónica - levou também a um foco decisivo na nossa aposta na digitalização da sustentabilidade, também pelo facto de esta ser obrigatória em toda a comunidade europeia.
A título de exemplo, o módulo SGA simplifica a conformidade ambiental e o reporte de sustentabilidade em toda a organização, numa visão top-down, desde os departamentos e infra-estruturas até aos activos físicos. Esta solução garante a gestão do cálculo da pegada de carbono, com base em toda a informação de gestão dos activos físicos: métricas de qualidade de energia, água, gás, combustíveis fósseis e rastreio de resíduos perigosos produzidos, bem como o ambiente interior dos edifícios.
O mercado nacional desmart cities tem vindo a consolidar-se. Como é que a NextBITT se está a posicionar nesta área e que oportunidades vê associadas?
A NextBITT aposta na sustentabilidade para se tornar uma referência internacional num prazo de cinco anos. As cidades - para além dos milhares de activos físicos que já ajudamos a gerir diariamente nas maiores empresas - não são exceção à nossa estratégia de crescimento contínuo. Acreditamos que a sustentabilidade também ajudará a digitalizar as cidades, com uma visão e gestão integrada dos seus territórios, ao nível do consumo de água, eletricidade, gás, gestão de resíduos, etc. A mais-valia da tecnologia NextBITT é que já reúne nativamente estas e outras valências, ao nível da gestão do ciclo de vida útil dos activos físicos.
"Acho que é importante que se criem estratégias para evitar a dependência exclusiva de determinados produtos ou serviços. Gostava que toda esta incerteza que temos vivido conduzisse a uma Europa mais unida e coesa e que Portugal tivesse um papel importante nessa mudança."
As vossas soluções podem ser aplicadas à administração local?
A [nossa] tecnologia aplica-se a diferentes indústrias numa lógica de gestão de activos físicos. A nossa equipa tem desenvolvido vários projectos que visam controlar os equipamentos e instalações dos nossos clientes que se encontram dispersos geograficamente ou reunidos numa mesma instalação - quer em termos de controlo de custos, quer na vertente operacional da disponibilidade e funcionamento de cada equipamento.
Hoje, começamos a assistir a uma forte preocupação do Estado português com a gestão dos seus activos, o que, para a NextBITT, é uma excelente oportunidade para apoiar o Estado na adoção de boas práticas internacionais na gestão de activos físicos.
Têm projectos no sector público?
A NextBITT tem alguns projectos no sector público, embora nos últimos anos a nossa aposta tenha sido mais no sector privado. Acreditamos que até 2022, muito por via de projectos de inovação no âmbito doPlano de Recuperação e Resiliência ( PRR), o Estado terá um forte desenvolvimento digital, melhorando processos.
Em termos de gestão de activos com vista à sustentabilidade, o que é que o governo local pode aprender com o sector privado e vice-versa?
Uma vez definida a visão, no que diz respeito à gestão criteriosa dos activos do Estado - que já foi mencionada algumas vezes por diferentes líderes governamentais nos últimos anos, uma vez que o teletrabalho também destacou a necessidade de gerir remotamente - é necessário ter um registo criterioso dos activos. Aqui, o sector privado está um pouco mais avançado, pelo que é mais fácil replicar esta gestão no sector público - basta querer! Os edifícios são iguais no Estado e no sector privado!
O contexto internacional dificultou a recuperação pós-pandémica. Que riscos e oportunidades vê na situação atual?
Vivemos na incerteza desde o início da pandemia, estamos a entrar no terceiro ano desta situação trágica, mas não podemos desistir, nem baixar os braços. Temos de nos concentrar e unir, por vezes aproveitando algum impasse para melhorar as nossas organizações, processos, agilizando e inovando.
Acho que é importante criar estratégias para evitar a dependência exclusiva de determinados produtos ou serviços. Gostava que toda esta incerteza que temos vivido conduzisse a uma Europa mais unida e coesa e que Portugal tivesse um papel importante nessa mudança.
Temos um novo executivo. O que espera que seja feito para reforçar o tema da sustentabilidade, tanto nas empresas como no sector público?
Penso que o novo Executivo tem excelentes condições para dinamizar o mais possível o tema da sustentabilidade no país. Tem dirigentes jovens e experientes, atentos ao tema e que têm participado em acções de sensibilização para o mesmo.
Parece-me importante que o Executivo tenha uma área de "Sustentabilidade", à semelhança do que já acontece no sector privado, aumentando o seu enfoque e dinâmica, com base numa visão e política comum a todas as organizações. De facto, basta replicar o que a comunidade europeia já legislou. O Executivo poderia ter uma política de implementação acelerada de projectos de sustentabilidade nos diferentes sectores, fazendo de Portugal uma referência europeia!
Fonte:Smart Cities
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